quinta-feira, 20 de agosto de 2009

História da carochinha



Era uma vez uma carochinha que encontrou cinco tostões enquanto varria a cozinha. Com o dinheiro, foi comprar fitas e laços e, depois de ataviada, foi-se pôr à janela, a ver se havia alguém que queria casar com ela:
- Quem quer casar com a carochinha, que é bonita e formosinha?
Passou um burro e respondeu:
- Quero eu, quero eu, quero eu!
- Está bem, mas primeiro quero ouvir a tua voz.
E o burro pôs-se a zurrar (In-on, in-on, in-on…).
- Ai, ai, ai, ai. – disse a carochinha - Já não caso contigo, porque tens uma voz muito forte e acordas os meninos de noite.

O burro foi-se embora muito triste e a carochinha voltou a perguntar:
- Quem quer casar com a carochinha, que é bonita e formosinha?
Passou um cão e respondeu:
- Quero eu, quero eu, quero eu!
- Está bem, mas primeiro quero ouvir a tua voz.
E o cão pôs-se a ladrar (Ão, ão, ão, ão…).
- Ai, ai, ai, ai. – disse a carochinha - Já não caso contigo, porque tens uma voz muito forte e acordas os meninos de noite.
O cão foi-se embora muito triste e a carochinha voltou a perguntar:
- Quem quer casar com a carochinha, que é bonita e formosinha?
Passou um porco e respondeu:
- Quero eu, quero eu, quero eu!
- Está bem, mas primeiro quero ouvir a tua voz.
E o porco pôs-se a roncar (Ronc, ronc, ronc, ronc…).
- Ai, ai, ai, ai. – disse a carochinha - Já não caso contigo, porque tens uma voz muito forte e acordas os meninos de noite.
O porco foi-se embora muito triste e a carochinha voltou a perguntar:
- Quem quer casar com a carochinha, que é bonita e formosinha?
Passou um rato e respondeu:
- Quero eu, quero eu, quero eu!
- Está bem, mas primeiro quero ouvir a tua voz.
E o rato pôs-se a chiar (hin, hin, hin, hin…).
- Tu sim, tens uma voz bonita. Como te chamas?
- Chamo-me João Ratão.
- Muito bem, caso-me contigo.
A carochinha e o João Ratão marcaram a boda. Convidaram muitos amigos e foram à missa. Só que a carochinha deixou um grande caldeirão ao lume a cozer a comida para a festa. O João Ratão, que era muito guloso, arranjou uma desculpa e voltou para casa, dizendo que se tinha esquecido das luvas.
Logo que chegou, o João Ratão foi espreitar o caldeirão, a lamber os beiços. Tentou tirar a comida com a mão direita, mas queimou-se. Tentou com a mão esquerda, mas queimou-se também. Tentou com o pé direito e aconteceu-lhe o mesmo. Quando ia tentar com o pé esquerdo, catrapuz, deu um grande trambolhão e caiu no caldeirão.
Farta de esperar, a carochinha decidiu voltar a casa, à procura do João Ratão. Procurou, procurou, mas não o encontrou. Muito aflita, a carochinha entrou na cozinha, viu o João Ratão caído no caldeirão e pôs-se a chorar:
- Ai o meu rico João Ratão, que morreu frito e cozido no caldeirão! Ai o meu rico João Ratão, que morreu frito e cozido no caldeirão!

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