O meu livrinho «O urso que perdera o coração» foi escolhido para integrar as listas do PNL (leitura autónoma, 2º ano de escolaridade). O sítio da editora é: http://www.textiverso.com/
segunda-feira, 30 de julho de 2012
«O urso que perdera o coração» no PNL
O meu livrinho «O urso que perdera o coração» foi escolhido para integrar as listas do PNL (leitura autónoma, 2º ano de escolaridade). O sítio da editora é: http://www.textiverso.com/
segunda-feira, 4 de junho de 2012
segunda-feira, 7 de maio de 2012
Construir um Butai (palco do kamishibai)
Para saber como construir um kamishibai, basta ir a esta página (em francês):
http://www.lejardindekiran.com/fabriquer-un-butai-modele-pour-kamishibai-traditionnel/
O Kamishibai é uma das formas mais populares de contar histórias no Japão. O termo significa literalmente “drama de papel” e teve origem nos templos budistas japoneses no século XII, onde os monges utilizavam os emaki (pergaminhos que combinam imagens com texto) para contar histórias com ensinamentos morais para audiências maioritariamente analfabetas.
Por volta de 1946, com a derrota do Japão na II Guerra Mundial, veio a depressão económica. Esta técnica popularizou-se entre os desempregados, que percorriam as ruas da cidades carregando na bicicleta o kamishibai como forma de atrair compradores para os doces que levavam.
Recentemente, ressurge em diversos países o interesse pelo valor educativo do kamishibai. Contrariamente aos media unidirecionais como a televisão, a técnica tem a característica de ser bidirecional e criar uma ligação do contador com a plateia. Por outro lado, pode ser utilizado pelas próprias crianças para recontar as histórias, desenvolvendo assim a comunicação oral.
domingo, 29 de abril de 2012
sábado, 28 de abril de 2012
domingo, 22 de abril de 2012
Notícia do blogue «Sismaritos Curiosos»
Recebemos o contador de histórias Carlos Alberto Silva
A nossa tarde teve muita animação...
O professor Carlos contou-nos histórias muito engraçadas!
Nós também participamos em algumas histórias!
quarta-feira, 11 de abril de 2012
sábado, 3 de março de 2012
Contos para pais e filhos na «Gruta da Palavra» da BMPM
Carlos Alberto Silva foi o escritor convidado para dinamizar o espaço «Gruta da Palavra» da Biblioteca Municipal de Porto de Mós, no sábado, 3 de Março de 2012. Marcada para as 16h00, a sessão foi replicada uma hora depois, para um segundo grupo de pais e filhos daquela localidade.
O autor leu e recontou várias histórias a cada um dos grupos, entre as quais o seu «Ó Simão, seu trapalhão, já armaste confusão». No final de cada sessão, houve lugar a autógrafos.
O autor leu e recontou várias histórias a cada um dos grupos, entre as quais o seu «Ó Simão, seu trapalhão, já armaste confusão». No final de cada sessão, houve lugar a autógrafos.
domingo, 26 de fevereiro de 2012
Carlos Alberto Silva na Biblioteca Municipal de Porto de Mós
Carlos Alberto Silva é o escritor convidado para dinamizar a hora do conto para pais e filhos, «Sábados a Contar», da Biblioteca Municipal de Porto de Mós, no próximo dia 3 de Março, pelas 16h00. «Ó Simão seu trapalhão...» e «O urso que perdera o coração», deste autor, são algumas das histórias a ser apresentadas. O evento decorrerá no espaço «A gruta da palavra», nesta biblioteca.
sábado, 21 de janeiro de 2012
Tio Lobo e outras histórias na BE de Atouguia, Ourém
O escritor Carlos Alberto Silva esteve, no dia 18 de Janeiro à tarde, na BE da Atouguia, Ourém, onde apresentou os seus livros aos alunos do pré-escolar e do 1º CEB e recontou algumas histórias de outros autores, como o «Tio Lobo», de Xosé Ballesteros.
quinta-feira, 8 de dezembro de 2011
BE das Colmeias recebe escritor Carlos A. Silva
Carlos Alberto Silva esteve, no passado dia 23 de Novembro, na biblioteca da Escola Básica Integrada de Colmeias, a promover o seu novo livro «Ó Simão, seu trapalhão, já armaste confusão». O autor leu algumas histórias suas e de outros autores e falou da sua actividade como professor bibliotecário e escritor.
Falou ainda das técnicas de ilustração usadas nos seus livros. Depois de responder a algumas perguntas dos alunos, houve ainda tempo para uma sessão de autógrafos.
A receptividade de miúdos e graúdos foi excelente, em particular da parte da equipe da BE, a quem o escritor agradece a hospitalidade.
Carlos Alberto Silva visita escolas e Jardins-de-infância das Cortes
O professor e escritor Carlos Alberto
Silva dinamizou, durante o mês de Novembro, sessões de animação da
leitura nas escolas e jardins-de-infância da freguesia de Cortes,
concelho de Leiria, a fim de promover o seu novo livro «Ó Simão, seu
trapalhão, já armaste confusão».
No dia 2 de Novembro, foi a vez do
Jardim-de-infância da Reixida. Depois de falar sobre a sua actividade
como professor bibliotecário, o escritor narrou e leu diversas
histórias, nomeadamente a sua última. A receptividade das crianças à
actividade foi enorme, tendo esta terminado com uma sessão de
autógrafos.
No dia 9, foi o Jardim-de-infância de Famalicão o contemplado. O
programa da sessão foi do mesmo teor da antecedente, igualmente com uma
receptividade assinalável por parte dos destinatários.domingo, 18 de setembro de 2011
Ó Simão, seu trapalhão, já armaste confusão!
Book trailer do livro «Ó Simão, seu trapalhão, já armaste confusão!»,
com texto de Carlos Alberto Silva e ilustrações de Beatriz Silva, publicado em Setembro de 2011.
terça-feira, 12 de abril de 2011
Clic Clic Clic – Contos interactivos
A Digital Text, uma editora spin-off da Universidade de Barcelona especialista na publicação de livros multimédia para a educação, tem disponível on-line e de forma gratuita um projecto especialmente dedicado aos mais pequenos. Trata-se do Clic Clic Clic – Contos interactivos, um conjunto de histórias para ver, ler, ouvir e interagir, divididas em dois grandes grupos: contos de Iván y Navi, para crianças entre os 3 e 6 anos e El Mundo al revés, otras versiones de los cuentos populares, para crianças entre os 6 e os 8 anos.
[Com a devida vénia a Carlos Pinheiro em: http://lerebooks.wordpress.com/]
quinta-feira, 7 de abril de 2011
«O urso que perdera o coração» apresentado no Centro Escolar dos Vieirinhos
O professor bibliotecário e escritor Carlos Alberto Silva esteve, no passado dia 5 de Abril, na Biblioteca do Centro Escolar dos Vieirinhos, Agrupamento da Guia, Pombal, onde conversou com alunos do Pré-escolar e 1º CEB, das escolas de Carriço, Caxaria, Silveirinha Grande e Vieirinhos.
Acompanhado da mascote Camila - da BE do Agrupamento de Porto de Mós, onde trabalha -, o autor narrou várias histórias da sua autoria, nomedamente, «O urso que perdera o coração», publicada no final do ano passado, e «Ó Simão, seu trapalhão...», a publicar brevemente. Este último, em tom humorístico, aborda o tema dos acidentes domésticos com crianças, alertando para alguns comportamentos de risco.
Carlos Alberto Silva explicou ainda as técnicas que utilizou para ilustrar alguns dos seus livros e conversou sobre a sua experiência como autor e professor bibliotecário. No final de cada uma das sessões, duas de manhã e uma à tarde, houve ainda tempo para autógrafos.
segunda-feira, 4 de abril de 2011
Plano pessoal de leitura
Em Janeiro,
Leio o primeiro.
Em Fevereiro, é Carnaval.
Leio outro, afinal.
Em Março, marçagão,
Leio de manhã, à tarde e ao serão.
Em Abril,
Chego à página mil.
Em Maio,
Pego noutro livro e descontraio.
Em Junho, começa o Verão.
Saio pró campo, com um livro na mão.
Em Julho, faz muito calor.
Ponho-me à sombra e leio com fervor.
Nas férias de Agosto,
Leio ainda com mais gosto.
Chega o mês de Setembro
E já li tantos que nem me lembro.
Em Outubro, começa a chover.
E eu continuo a ler.
Em Novembro, chega o frio.
Leio mais um, de fio a pavio.
Em Dezembro, vem o Natal.
Dar e receber livros é o ideal.
quarta-feira, 30 de março de 2011
No beirado da casa da sogra
Depois do encontro com o autor do livro «O urso que perdera o coração», os meninos e meninas do JI da Corredoura sentiram-se inspirados a idealizar uma história e a ilustrá-la usando a técnica usada nessa obra. Foi assim que criaram o conto «No beirado da casa da sogra», cuja personagem principal é uma andorinha. Aqui fica um pequeno vídeo, usando as ilustrações e o texto original, produzido e narrado por Carlos Alberto Silva.
domingo, 27 de março de 2011
«O urso que perdera o coração» apresentado na Corredoura e no Arrimal
Aspecto da sessão da Corredoura. |
O autor narrou a sua história «O urso que perdera o coração», publicada no final do ano passado e explicou a técnica utilizada para ilustrar o livro. Apresentou ainda duas histórias que tem (quase) prontas para publicação: «O espelho dourado», igualmente ilustrado por si e «Ó Simão, seu trapalhão...», ilustrado pela sua filha Beatriz Silva. Este último aborda um tema muito actual, o dos acidentes domésticos com crianças, alertando para alguns comportamentos de risco, embora numa perspectiva humorística.
O autor, mostrando páginas de um dos seus próximos livros, no Arrimal. |
Os alunos do Arrimal aproveitaram o momento para realizar uma entrevista ao escritor, que é actualmente professor bibliotecário neste Agrupamento.
No final de cada uma das actividades, houve sessão de autógrafos.
sábado, 26 de março de 2011
quinta-feira, 24 de março de 2011
Apresento-vos a Camila!
A Camila anda muito satisfeita com a sua nova missão. |
Depois de uma das turmas lhe ter arranjado um namorado, a Camila casou. Este ano, nasceu a Lola, a filha da Camila e do Camilo.
Toda a família está empenhada em ensinar à Lola muitas coisas sobre os livros, nomeadamente, como é que estes se fazem. Também os alunos das 72 turmas das EB1 e JI do Agrupamento andam a fazer os seus livros. Nesta imagem está o texto «escrito» pelos meninos do JI da Corredoura utilizando pictogramas.
Como se pode ver, a Camila anda muito satisfeita com esta nova missão!
sábado, 15 de janeiro de 2011
Um livro é uma casa
Ilustração de Colin Thompson (http://www.colinthompson.com) |
Um livro é uma casa
De muitas cores
Onde moram as históriasPegas numa
E fazes dela a companheira
Dos teus sonhos
Espraias os olhos
Pela janela das páginas
Em busca do desconhecido
E vês desfilar à tua frente
Os assombrosos
Habitantes da fantasia
Um lobo sábio
Sentado debaixo de uma árvore
Com frutos esmeralda
Uma menina
Feita de rebuçado
Correndo numa seara
Um cavaleiro sem espada
Uma harpa falante
Um dragão de névoa
Pode ser longo ou curto
O teu passeio
Pelas várias divisões da casa
Quando te cansares
Fechas a porta serenamente
E adormeces feliz
Carlos Alberto Silva
domingo, 19 de dezembro de 2010
«O urso que perdera o coração» apresentado em Mira de Aire
Os alunos de Mira de Aire estiveram (quase todos) sempre atentos às histórias. |
Dada a proximidade do período natalício, a obra teve muito boa receptividade, sendo escolhida como prenda de Natal por algumas freguesias dos concelhos de Leiria, onde o autor reside, e de Porto de Mós, onde trabalha. Assim, as crianças das freguesias de Cortes (Leiria), Arrimal, S. Pedro e S. João Baptista (Porto de Mós), entre outras, tiveram a surpresa de receber este livro nas festas de Natal das suas escolas.
Publicado em Novembro passado pela Textiverso, este foi o primeiro livro de Carlos Alberto Silva dedicado ao universo infantil. O autor é também responsável pelas ilustrações, aplicando digitalmente uma técnica de recorte de papéis decorados.
Nesta fábula, um urso solitário muito mal-humorado, que se refugia no mais escuro da floresta, faz da vida dos outros bichos um verdadeiro inferno.
Alguns animais, no entanto, decidem não deixar cair os braços e tentam que o dito urso volte a sentir no peito o coração que uma tragédia familiar destroçou...
A editora tem online um «guia de leitura» desta obra, alojado AQUI.
sexta-feira, 3 de dezembro de 2010
quarta-feira, 15 de setembro de 2010
O coração e garrafa
Uma extraordinária metáfora sobre os sentimentos, do mesmo autor de «O incrível rapaz que comia livros». Ver mais histórias «animadas» no blogue de Rita Pimenta, Letra Pequena: http://letrapequenaonline.blogspot.com/
Local:
Leiria, Portugal
sábado, 20 de março de 2010
terça-feira, 9 de março de 2010
sábado, 9 de janeiro de 2010
sexta-feira, 2 de outubro de 2009
quinta-feira, 1 de outubro de 2009
O caldo de pedra
A HISTÓRIA
Um frade andava no peditório. Chegou à porta de um lavrador, mas não lhe quiseram aí dar nada. O frade estava a cair de fome e disse:
- Vou ver se faço um caldinho de pedra.
E pegou numa pedra do chão, sacudiu-lhe a terra e pôs-se a olhar para ela, como para ver se era boa para um caldo.
A gente da casa pôs-se a rir do frade e daquela lembrança. Diz o frade:
- Então nunca comeram caldo de pedra? Só lhes digo que é uma coisa muito boa.
Responderam-lhe:
- Sempre queremos ver isso.
Foi o que o frade quis ouvir. Depois de ter lavado a pedra, pediu:
- Se me emprestassem aí um pucarinho...
Deram-lhe uma panela de barro. Ele encheu-a de água e deitou-lhe a pedra dentro.
- Agora, se me deixassem estar a panelinha aí, ao pé das brasas...
Deixaram. Assim que a panela começou a chiar, disse ele:
- Com um bocadinho de unto é que o caldo ficava a primor!
Foram-lhe buscar um pedaço de unto. Ferveu, ferveu, e a gente da casa pasmada com o que via.
O frade, provando o caldo:
- Está um nadinha insosso. Bem precisa duma pedrinha de sal.
Também lhe deram o sal. Temperou, provou e disse:
- Agora é que, com uns olhinhos de couve, ficava que até os anjos o comeriam.
A dona da casa foi à horta e trouxe-lhe duas couves. O frade limpou-as e ripou-as com os dedos e deitou as folhas na panela. Quando os olhos já estavam aferventados, arriscou:
- Ai! Um naquinho de chouriça é que lhe dava uma graça!...
Trouxeram-lhe um pedaço de chouriço. Ele pô-lo na panela e, enquanto se cozia, tirou do alforge pão e arranjou-se para comer com vagar. O caldo cheirava que era um regalo.
Comeu e lambeu o beiço.
Depois de despejada a panela, ficou a pedra no fundo.
A gente da casa, que estava com os olhos nele, perguntou-lhe:
- Ó senhor frade, então a pedra?
- A pedra... Lavo-a e levo-a comigo para outra vez.
E assim comeu onde não lhe queriam dar nada.
Teófilo Braga
Contos Tradicionais Portugueses
A RECEITA
Ingredientes:
1/2 l de feijão-encarnado
1 kg de orelha e cabeça de porco
200 grs de entrecosto
250 grs de carne de vaca para cozer
100 grs de toucinho entremeado
1 chouriço
1 morcela
1 couve-lombarda
400 grs de batatas
2 cenouras
2 cebolas
2 dentes de alho
sal q.b.
1 farinheira
hortelã e coentros q.b. (facultativo)
Confecção:
De véspera raspam-se e limpam-se bem a orelha e cabeça de porco, salgam-se juntamente com o entrecosto e põe-se o feijão de molho. No dia seguinte lavam-se as carnes e os enchidos e põem-se a cozer em água e sal. Separadamente, põe-se também o feijão a cozer em água. À medida que forem cozendo, vai-se retirando as carnes sucessivamente, para não se espapaçarem, visto que a carne de porco coze muito mais depressa que a de vaca, o mesmo acontecendo com a morcela em relação ao chouriço. Logo que se retirarem todas as carnes, juntam-se cortadas em pedaços, a couve, as cenouras, a cebola, os alhos picados, e algum tempo depois as batatas também em pedaços. Entretanto, escorre-se o feijão, do qual se retiram duas conchas que se passam no passe-vite. Quando os legumes estiverem cozidos juntam-se-lhe os feijões inteiros e os passados. Deixa-se ferver tudo para apurar e rectifica-se de sal. Cortam-se as carnes de porco e de vaca em bocados, os enchidos em rodelas e o toucinho em fatias. Deitam-se as carnes na panela e, logo que levantar fervura, adicionam-se os enchidos e o toucinho, servindo-se imediamente. Empregando a farinheira deve pôr-se a cozer juntamente com as carnes, tendo em conta que o seu tempo de cozedura é muito rápido. Temperando com coentros, devem deitar-se ao mesmo tempo que os legumes. Se for o caso de se empregar hortelã, basta juntar um ramo ao mesmo tempo que os enchidos. Por gracinha põe-se em cada prato uma pedra redonda, tipo seixo rolado do rio, mas previamente bem lavada.
Um frade andava no peditório. Chegou à porta de um lavrador, mas não lhe quiseram aí dar nada. O frade estava a cair de fome e disse:
- Vou ver se faço um caldinho de pedra.
E pegou numa pedra do chão, sacudiu-lhe a terra e pôs-se a olhar para ela, como para ver se era boa para um caldo.
A gente da casa pôs-se a rir do frade e daquela lembrança. Diz o frade:
- Então nunca comeram caldo de pedra? Só lhes digo que é uma coisa muito boa.
Responderam-lhe:
- Sempre queremos ver isso.
Foi o que o frade quis ouvir. Depois de ter lavado a pedra, pediu:
- Se me emprestassem aí um pucarinho...
Deram-lhe uma panela de barro. Ele encheu-a de água e deitou-lhe a pedra dentro.
- Agora, se me deixassem estar a panelinha aí, ao pé das brasas...
Deixaram. Assim que a panela começou a chiar, disse ele:
- Com um bocadinho de unto é que o caldo ficava a primor!
Foram-lhe buscar um pedaço de unto. Ferveu, ferveu, e a gente da casa pasmada com o que via.
O frade, provando o caldo:
- Está um nadinha insosso. Bem precisa duma pedrinha de sal.
Também lhe deram o sal. Temperou, provou e disse:
- Agora é que, com uns olhinhos de couve, ficava que até os anjos o comeriam.
A dona da casa foi à horta e trouxe-lhe duas couves. O frade limpou-as e ripou-as com os dedos e deitou as folhas na panela. Quando os olhos já estavam aferventados, arriscou:
- Ai! Um naquinho de chouriça é que lhe dava uma graça!...
Trouxeram-lhe um pedaço de chouriço. Ele pô-lo na panela e, enquanto se cozia, tirou do alforge pão e arranjou-se para comer com vagar. O caldo cheirava que era um regalo.
Comeu e lambeu o beiço.
Depois de despejada a panela, ficou a pedra no fundo.
A gente da casa, que estava com os olhos nele, perguntou-lhe:
- Ó senhor frade, então a pedra?
- A pedra... Lavo-a e levo-a comigo para outra vez.
E assim comeu onde não lhe queriam dar nada.
Teófilo Braga
Contos Tradicionais Portugueses
A RECEITA
Ingredientes:
1/2 l de feijão-encarnado
1 kg de orelha e cabeça de porco
200 grs de entrecosto
250 grs de carne de vaca para cozer
100 grs de toucinho entremeado
1 chouriço
1 morcela
1 couve-lombarda
400 grs de batatas
2 cenouras
2 cebolas
2 dentes de alho
sal q.b.
1 farinheira
hortelã e coentros q.b. (facultativo)
Confecção:
De véspera raspam-se e limpam-se bem a orelha e cabeça de porco, salgam-se juntamente com o entrecosto e põe-se o feijão de molho. No dia seguinte lavam-se as carnes e os enchidos e põem-se a cozer em água e sal. Separadamente, põe-se também o feijão a cozer em água. À medida que forem cozendo, vai-se retirando as carnes sucessivamente, para não se espapaçarem, visto que a carne de porco coze muito mais depressa que a de vaca, o mesmo acontecendo com a morcela em relação ao chouriço. Logo que se retirarem todas as carnes, juntam-se cortadas em pedaços, a couve, as cenouras, a cebola, os alhos picados, e algum tempo depois as batatas também em pedaços. Entretanto, escorre-se o feijão, do qual se retiram duas conchas que se passam no passe-vite. Quando os legumes estiverem cozidos juntam-se-lhe os feijões inteiros e os passados. Deixa-se ferver tudo para apurar e rectifica-se de sal. Cortam-se as carnes de porco e de vaca em bocados, os enchidos em rodelas e o toucinho em fatias. Deitam-se as carnes na panela e, logo que levantar fervura, adicionam-se os enchidos e o toucinho, servindo-se imediamente. Empregando a farinheira deve pôr-se a cozer juntamente com as carnes, tendo em conta que o seu tempo de cozedura é muito rápido. Temperando com coentros, devem deitar-se ao mesmo tempo que os legumes. Se for o caso de se empregar hortelã, basta juntar um ramo ao mesmo tempo que os enchidos. Por gracinha põe-se em cada prato uma pedra redonda, tipo seixo rolado do rio, mas previamente bem lavada.
terça-feira, 29 de setembro de 2009
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